sexta-feira, 9 de maio de 2008

Arnaldo Jabor

Os travestis são centauros urbanos, duas vidas num corpo só. Não confundir o travesti com a caricatura da drag-queen. O travesti tem orgulho de ser quem é. Ele não é uma decaída.

Ele é uma afirmação de identidade. Ele não é da área moral, ele é da área artística. Há algo de clone no travesti, pois eles nascem de dentro de si mesmos.Quem está nu ali na esquina, o homem ou a mulher nele?

O que oferece o travesti ao homem que o procura? A chance de ser a mulher de uma mulher.
O travesti não é simples e doce, há um lado 'criminal' no travesti. Ele tem coragem de ser duplo, do terror e glória no centro da madrugada.

O homem que se casa com a prostituta se acha um 'benfeitor', que humilha a mulher que salvou. O travesti nunca será grato a você. Você é que terá de lhe agradecer. O travesti não dá uma boa esposa, você é que poderá virar esposa dele: "Querida, já lavei sua minissaia de oncinha".

O travesti tem algo de caubói, corajoso como um John Wayne de biquíni 'fio dental'. Você passa no carro e o vê, uma Marilyn de botas no meio dos faróis e lá se vai o pai de família perdido de loucura. O travesti nos fascina porque assume a verdade de sua mentira.

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